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A seleção brasileira sub-20 iniciou seus trabalhos em abril desse ano. O saldo dos treinos foi razoável se analisarmos as opções. Muitas zagueiras talentosas, porém carência de qualidade ofensiva. A geração 90-91 não parece ser a mais promissora do país, só que há condições de melhorar esse grupo.
O principal reforço é carioca e atende pelo nome de Elisa Brito. A polêmica Elisa Brito, do CEPE Caxias. Não por ser uma "bad girl" e sim por ter características especiais. Uma meia canhota, criativa, que bota a bola onde quer, mas é considerada "lenta". Não por mim, claro.
Elisa é tudo que a seleção sub-20 precisa para sair do obscurantismo técnico em que se encontra. Marcos Gaspar - que considero grande técnico - precisa arriscar e apostar nela. Beatriz e Thaís estão na sub-17 e ficou Elisa como única capaz de armar o jogo brasileiro em bom nível.
"Ah, mas ela precisa melhorar fisicamente". Para que servem os preparadores físicos, faltando quase um ano para a principal competição oficial da seleção? Alô, comissão! Aposte em Elisa e trabalhe duro para ela evoluir ainda mais. É ela quem pode fazer a diferença e facilitar as coisas para a sub-20. Do contrário, muito sofrimento nos espera.
Sexta-feira, 10 de Abril de 2009
Ano novo, trabalhos novos
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Em 2008, o blog repercutiu muito as seleções brasileiras (principal e de base). Tanto a sub-17, quanto a sub-20 fizeram mundiais abaixo do potencial. Marta e cia trouxeram a prata olímpica. Por motivos diferentes, enfrentaram dificuldades bem rotineiras por aqui. Agora, muita coisa mudou. As comissões técnicas não são mais as mesmas, embora, de uma forma inteligente, a CBF deu sequência ao trabalhos.
Vejamos a "dança das cadeiras"
Jorge Barcellos saiu da principal para a liga americana (já a todo vapor). Kleiton Lima, que era da sub-20, assumiu a principal. Marcos Gaspar, que era da sub-17, assumiu a sub-20. E para o lugar de Gaspar? O requisitado vem de Santa Catarina, mais precisamente de Caçador. O técnico Edvaldo Erlacher, do Kindermann, foi o nome escolhido por Américo Faria.
As perspectivas
As comissões técnicas formadas, em princípio, tem muita qualidade e experiência no futebol feminino. As seleções de base terão, desta vez, um auxiliar técnico cada, o que não acontecia, até então.
Principal - Kleiton tem 12 anos de Santos FC e um trabalho digno na sub-20 brasileira. Sua primeira convocação aproveitou a base deixada por Barcellos, somando algumas jovens de sua confiança. Não pôde chamar todas as "estrangeiras" que gostaria, como Simone e Rosana. São experientes e estão no auge. Para as próximas ocasiões, não podem ser esquecidas. Os dois amistosos (Alemanha e Suécia) nos darão uma noção do que esperar nesse novo ciclo.
Sub-20 - Eis o grande desafio. A maioria absoluta das jogadoras que estiveram no Mundial Sub-20 de 2008 "estouram" a idade para 2010. Sobram, mais precisamente, três. Camila, volante do CEPE Caxias, Estergiane, zagueira do Juventude e Leah, a lateral acrobata. Se Gaspar convocar as três, terá que completar o grupo com jogadoras nascidas em 90, 91, 92.
Um outro fator complicador para ele - e maravilhoso para Edvaldo - é que as duas jogadoras mais talentosas de sua seleção (na opinião deste blogueiro) ainda são sub-17 e nascidas em 93. Thais, hoje no Santos, e Beatriz, da Ferroviára, devem continuar na mesma categoria. Portanto, Marcos Gaspar terá que trabalhar duramente para montar um grupo forte, capaz de conquistar o título sulamericano e brigar pelo caneco mundial.
Sub-17 - A geração 93 e 94 é fabulosa. De cara, tem três meninas que foram ao Mundial da Nova Zelândia - Daniele, goleira do Guarani-Scorpions (com Thais e Beatriz, já citadas). No mais, Gaspar deixa uma boa perspectiva, com vários nomes avaliados pelo Brasil e outros que vem aparecendo ainda. Cabe a Edvaldo e sua comissão técnica lapidarem esse grupo, na grande esperança de que possam fazer história em 2010.
Sexta-feira, 7 de Novembro de 2008
Balanço

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A seleção brasileira se despediu de forma digna do Mundial Sub-17. Fez uma boa partida diante das nigerianas, mais pela vontade e desejo de evoluir no torneio. O Brasil sofreu na competição por alguns motivos, mas destacaria dois como fundamentais: falta de talento e dificuldade para se organizar durante as partidas. Um, na verdade, está relacionado ao outro.
Com as perdas de Fabi e Bia, duas jogadoras referenciais, foi lançado mão de Juliana Cardozo, do Saad, e Juliana Ferreira, do Team Chicago. Nada, absolutamente, contra as garotas. Porém, a diferença para as titulares é gigantesca. Como atuam no coração da equipe, que é o meio campo, comprometeram sobremaneira o desempenho do time e expuseram a defesa, uma vez que a difuculdade na saída de bola foi a tônica.
Ou seja, suas atuações individuais prejudicaram a organização da equipe, acostumada com mais talento do meio para a frente, com gente que segurava a bola e criava dificuldade aos adversários, permitindo, inclusive, o adiantamente das linhas de defesa. Sem os talentos de Bia e Fabi, tudo ficou mais difícil e as escolhas de reposição não foram boas.
Marcos Gaspar fez grande trabalho e os frutos dele estarão nos próximos anos na seleção principal. Entretanto, talento e técnica sempre serão a prioridade no futebol. O resto a ciência dá conta.
Domingo, 2 de Novembro de 2008
Voltando...

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Depois de mais de dois meses sem postar, em virtude de uma série de situações e mudanças na vida, creio que o momento é importante demais para não expressar minha opinião. Está rolando o Mundial Sub-17, super divulgado nesse blog, com uma série de posts, desde antes do Sul-Americano de Janeiro. Esclareço aos leitores que também comecei a realizar a atividade de olheiro e tive o prazer de indicar duas atletas catarinenses para essa seleção. A goleira Daniele (camisa 21), do Guarani, de Palhoça, e a zagueira Carine (camisa 13), do Kindermann, de Caçador.
O Mundial começou e tivemos duas derrotas. Creio que o trabalho de Marcos Gaspar é muito bom, sobretudo porque pegou uma seleção do zero e foi montando o grupo - numa verdadeira (e dura) peregrinação pelo Brasil, com pouco tempo de treinamento. Tive o prazer de poder ajudá-lo, um pouquinho que seja. Esse trabalho deixará uma série de boas jogadoras para os próximos anos. Beatriz, Rafaelle e Thaís só não vingarão se acontecer algo muito inesperado. Aline cresceu demais como goleira. Ao vingarem, méritos totais para Gaspar, que tem "só" a Marta no currículo de revelações. Ou seja, gabarito de sobra para ocupar o posto de selecionador sub-17.
A minha única crítica é conceitual e ele sabe disso. Talento é fundamental e sempre será. Futebol não é força e velocidade. Tudo que o treinamento desportivo tem de responsabilidade na evolução do futebol, pode ser aprimorado e trabalhado. Porém, há fundamentos que a jogadora já precisa dominar para ser convocada para uma seleção. Não acredito que algumas atletas não tenham rendido apenas pelo nervosismo ou ansiedade. Há uma perigosa inversão de valores, principalmente ao negligenciarmos a técnica, para valorizar qualidades físicas. Mesmo as seleções menos talentosas desse Mundial são organizadas e acertam a maioria dos passes.
Perdemos a Bia, pilar técnico do time. Tivemos uma certa falta de sorte. A preparação não foi a ideal, em virtude do pouco tempo e da falta de jogos internacionais duros. Marcos tem muito crédito. Porém, não vou me furtar de colocar o que penso publicamente. Tecnicamente e taticamente fomos muito abaixo dos adversários até agora. Esperamos que contra Nigéria haja uma evolução. Capacidade temos, dentro e fora de campo.
Quinta-feira, 21 de Agosto de 2008
Pequim 2008: EUA 1 X 0 Brasil

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Não fiz um post da grande vitória sobre a Alemanha por ficar na expectativa da final. Faço, agora, uma avaliação da final olímpica, que nos deu novamente a prata. Também irei fazer um avaliação de todo o processo histórico de afirmação do futebol feminino.
Não farei, contudo, qualquer caça às bruxas. A prata, para nossa realidade estrutural, ainda é maravilhosa. Os problemas apresentados pela seleção na final foram os problemas de todo o torneio. A seleção americana, enfraquecida individualmente, sempre irá apresentar um padrão tático rígido, e como disse a brilhante Helena Pacheco na transmissão da Rede Globo, tem a capacidade de se adaptar rapidamente ao estilo do adversário.
Apostamos sempre nos talentos individuais. Faltou aquilo que só podemos ter com trabalho qualificado e que necessita de maior tempo. Aquilo que no voleibol, por exemplo, sobra. Estudo do adversário, apego aos detalhes, conhecimento tático para além de esquemas arcaicos.
Claro, da forma como aconteceu, foi um duro golpe. O Brasil tem mais talento que os EUA. O Brasil, nos próximos anos, vai continuar a revelar muito mais talentos que os EUA. Vamos ver se evoluímos do ponto de vista organizacional, com mais gente qualificada trabalhando as meninas. Com mais sensibilidade para saber lidar com elas e tirar o melhor.
Evoluímos, sim, em resultados internacionais. Duas pratas olímpicas e um vice mundial. Os dois fantasmas foram espantados com duas goleadas. EUA e Alemanha não possuem mais a aura imbátível para nós.
Interessante que quatro jogadoras que estiveram em campo vão disputar o Mundial Sub-20: Bárbara, Fran, Érika e Fabiana. Aliás, como entrou bem Fabiana. Muita personalidade. Teremos esse Mundial Sub-20, no Chile, e o Sub-17, a Nova Zelândia, no final do segundo semestre, onde apresentaremos duas boas seleções.
A vida continua. O futebol feminino brasileiro ainda nos leverá a muitas emoções. Esperamos que com choro de felicidade.
Sexta-feira, 15 de Agosto de 2008
Pequim 2008: Brasil 2 X 1 Noruega

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Houve mais uma leve evolução da seleção brasileira. Nada muito significativo. Barcellos surpreendeu ao deixar Rosana no banco e colocar Ester no meio, com Maycon voltando para a esquerda, onde jogou o Mundial da China. Daniela Alves, embora não venha bem no torneio, acertou um pombo sem asa do meio da rua e abriu o placar no final do primeiro tempo. Marta, aproveitando falha da zaga, ampliou. Bárbara, agora titular, fez a penalidade que gerou o gol de honra norueguês.
O adversário da semifinal será a Alemanha, que venceu a Suécia por 2 a 0 na prorrogação. Sem prognóstico ou favorito. Fisicamente, porém, o Brasil tem terminado mais inteiro que as alemãs e não jogou os 30 minutos adicionais.
Estados Unidos X Japão será a outra semifinal.
Terça-feira, 12 de Agosto de 2008
Pequim 2008: Brasil 3 X 1 Nigéria
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Gols de Cris mereceram festa
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O mesmo enredo dos dois primeiros jogos. O Brasil depende de lampejos de suas craques. Marta não foi bem, mas o dia foi de Cristiane, que fez os três gols e assumiu a artilharia do torneio olímpico.
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A vitória garantiu o primeiro lugar do grupo. A Alemanha venceu a Coréia do Norte por 1 a 0. Agora, nas quartas-de-final, vem os EUA. O favoritismo é brasileiro.
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