fiquei sabendo que dia 19 foi o Dia do Futebol, incrível que a data ainda não tenha virado feriado mundial. Mas, por acaso, existem motivos pra comemorar?
Se os torcedores não podem mais ir ao estádio; não podem soltar fogos; não podem levar bandeira; não podem levar os filhos (a parte vantajosa da decadência do futebol, é que as crianças não aprenderiam palavrões); não podem andar com a camisa do time (o que não mudaria o orçamento familiar, o neanderthal omite isso, só expõe gastos da esposa com o cabeleireiro); não podem avacalhar com a torcida adversária..
Se os jogadores não podem comemorar os gols; não podem driblar bonito (embora eu não ache que “dibre” da vaca e “dibre” da foca estejam entre as 10.000 coisas mais bonitas do mundo, a começar pelos nomes); não vestem a camisa do time; não querem ir aos treinos; não respeitam o treinador; preferem desfilar na passarela ou dar palestra (no caso, cometer palestra) ou ir pra night..
Se o técnico é demitido quando o time perde apenas um jogo sob seu comando; mal conhece o elenco e já é convidado a pegar o boné; não pode contrariar o jogador-estrela; não assume seus erros, por que a culpa é da grama, do árbitro, do auxiliar do árbitro, da bola, da chuva, do clima, da altitude..
Se a bola já não é mais feita de meia, nem de capotão, é inteligente (enfim, teríamos algo inteligente sobre a grama, não fosse a FIFA proibir a bola inteligente), com um chip que avisa se foi gol, se foi fora, se saiu da linha..
Se os boleiros não jogam mais descalços, nem de kichute ou conga; e a chuteira de hoje, praticamente chuta sozinha, pois é de couro especial, é mais leve que pena, é feita sob medida, aperfeiçoa o chute, possui chumbo granulado na sola para maior potência no chute..
Se o árbitro não pode mais ser um simples e reles mortal humano que erra; necessita de bola-inteligente e vídeo-tape para confirmar o que viu; e precisa de meia dúzia de auxiliares na tentativa de eliminar qualquer falha (se continuar assim, serão mais árbitros que jogadores em campo; muito cacique pra pouco índio)..
Se o futebol não é mais o objetivo, mas apenas um meio para adquirir dezenas de carros (já disse, os jogadores de futebol são divididos anatomicamente em cabeça, tronco e rodas), iates e apartamentos; se o futebol virou uma fábrica de dinheiro; uma máquina de lavar dinheiro; uma franquia de vender gente; e, se o futebol pune exemplarmente quem gesticula e não pune quem é “gato”; e “permite” quebrar a perna do adversário, mas não admite um estilo de comemoração de gol..
Se tentam eliminar todas as variáveis e vieses de possíveis erros humanos, não seria mais interessante que robôs substituíssem os jogadores e árbitros? Se o imprevisível que dá esperança ao neanderthal, se o inesperado é o que o faz torcer e fazer mandingas, se as falhas humanas é que dão o tempero para as discussões; e se tudo isso tem sido eliminado, que motivos restariam para ficar na expectativa, se resultado é previsível?
O futebol não é mais “uma caixinha de surpresas”.
Se os torcedores não podem mais ir ao estádio; não podem soltar fogos; não podem levar bandeira; não podem levar os filhos (a parte vantajosa da decadência do futebol, é que as crianças não aprenderiam palavrões); não podem andar com a camisa do time (o que não mudaria o orçamento familiar, o neanderthal omite isso, só expõe gastos da esposa com o cabeleireiro); não podem avacalhar com a torcida adversária..
Se os jogadores não podem comemorar os gols; não podem driblar bonito (embora eu não ache que “dibre” da vaca e “dibre” da foca estejam entre as 10.000 coisas mais bonitas do mundo, a começar pelos nomes); não vestem a camisa do time; não querem ir aos treinos; não respeitam o treinador; preferem desfilar na passarela ou dar palestra (no caso, cometer palestra) ou ir pra night..
Se o técnico é demitido quando o time perde apenas um jogo sob seu comando; mal conhece o elenco e já é convidado a pegar o boné; não pode contrariar o jogador-estrela; não assume seus erros, por que a culpa é da grama, do árbitro, do auxiliar do árbitro, da bola, da chuva, do clima, da altitude..
Se a bola já não é mais feita de meia, nem de capotão, é inteligente (enfim, teríamos algo inteligente sobre a grama, não fosse a FIFA proibir a bola inteligente), com um chip que avisa se foi gol, se foi fora, se saiu da linha..
Se os boleiros não jogam mais descalços, nem de kichute ou conga; e a chuteira de hoje, praticamente chuta sozinha, pois é de couro especial, é mais leve que pena, é feita sob medida, aperfeiçoa o chute, possui chumbo granulado na sola para maior potência no chute..
Se o árbitro não pode mais ser um simples e reles mortal humano que erra; necessita de bola-inteligente e vídeo-tape para confirmar o que viu; e precisa de meia dúzia de auxiliares na tentativa de eliminar qualquer falha (se continuar assim, serão mais árbitros que jogadores em campo; muito cacique pra pouco índio)..
Se o futebol não é mais o objetivo, mas apenas um meio para adquirir dezenas de carros (já disse, os jogadores de futebol são divididos anatomicamente em cabeça, tronco e rodas), iates e apartamentos; se o futebol virou uma fábrica de dinheiro; uma máquina de lavar dinheiro; uma franquia de vender gente; e, se o futebol pune exemplarmente quem gesticula e não pune quem é “gato”; e “permite” quebrar a perna do adversário, mas não admite um estilo de comemoração de gol..
Se tentam eliminar todas as variáveis e vieses de possíveis erros humanos, não seria mais interessante que robôs substituíssem os jogadores e árbitros? Se o imprevisível que dá esperança ao neanderthal, se o inesperado é o que o faz torcer e fazer mandingas, se as falhas humanas é que dão o tempero para as discussões; e se tudo isso tem sido eliminado, que motivos restariam para ficar na expectativa, se resultado é previsível?
O futebol não é mais “uma caixinha de surpresas”.
leia mais... | enviar comentários |
14/07/2009
QUAL ERA O SENTIDO DE MARCAR GOL?
Fazer gol, ganhar a partida e ser feliz, estavam entre os principais objetivos do futebol. Mas todo mundo sabe que o futebol não é mais o ingênuo e simples joguinho de bola; hoje, em primeiro lugar está a grana, a segunda intenção é o dinheiro, em terceiro vem a bufunfa - como diria Didi Mocó Sonrisal Colesterol. O resto fica por conta do acaso, se acontecer um gol, ótimo; senão, ótimo também, pois o que interessa já está garantido.
Tenho notado que algumas regras e proibições estão mudando o sentido do futebol, e portanto, da vida do torcedor fanático que, não pode mais ir ao estádio, não pode levar bandeira, não pode mais provocar a torcida adversária. Que sentido tem torcer, se não for pra avacalhar o adversário?
O neanderthal vive o final de semana inteiro esperando a segunda-feira para fazer aquela piadinha com o colega de trabalho, mas com a atual falta de aceitação da derrota por parte do adversário, o neanderthal acaba reprimindo sentimentos para não levar uma voadora no pescoço logo pela manhã.
O jogador também está a cada dia mais cercado de coisas sem sentido: 1) Atitudes ilegais toleradas: pode ser “gato”, pode faltar no treino à vontade, pode burlar imposto de renda, pode quebrar a perna do adversário; 2) Atitudes legais intoleradas: não pode fazer drible bonito, não pode comemorar gol assim ou assado, etc.
Existem diversas formas de comemorar os gols; raras vezes, criativas e geralmente de profundo mau gosto e apelativas. Há as religiosas, as provocativas e pasmem, as não-comemorações.
Outro dia, foi a polêmica comemoração em que o jogador mostrou o dedo médio, vulgo “pai-de-todos”, para a torcida adversária e foi punido. É um contrassenso, xingar pode e gesticular não pode. Vai me dizer que isso também consta nas regras do futebol?
Aquelas de caráter religioso, em que o jogador aponta o dedo pro céu, ou mostra a camisa de baixo com frases religiosas, numa pretensão sem limites: ainda que Deus esteja em todos os lugares, custo a crer que ele esteja prestando atenção num jogador fazendo gols, mesmo sendo aquele anjinho barroco do ex-pingulim imaculado, querendo roubar a cena, chamando Deus a todo momento. Ele não vê que existem coisas mais importantes que seus gols, diria Deus, ocupado com criancinhas famintas querendo vestir qualquer camisa, até mesmo aquelas que os jogadores de hoje, insistem em não vestir de jeito algum.
Também está na moda fingir segurar uma metralhadora, ou revólver e sair “atirando”. Muito, muito educativa essa maneira de celebrar um gol. Onde estaria escondido o espírito esportivo da brincadeira? Cadê a punição para quem estimula violência? Isso é “menos pior” que mostrar o pai-de-todos?
Nana nenê, chupar o dedão, andar de quatro, dançar funk, axé, pagode ou vanerão, ainda que sejam comemorações bregas, deveriam fazer parte do espetáculo, desde que não ultrapassassem um tempo determinado e o bom senso – duro é encontrar bom senso, e bom gosto então, esquece.
Apontem as vantagens e o sentido de fazer um gol e disfarçar, fingir que está triste para não ofender o adversário. É patético, o jogador faz questão de não comemorar quando marca um gol naquele time do qual acabou de rasgar ou encerrar o contrato. Pratica o “não-comemorar”, como se fosse um ato de heróico, querendo comover o mundo com a sua “consideração” ao time anterior. É lindo! Em seguida, o mesmo respeitoso jogador, dá uma cotovelada, daquelas que fazem a ponte móvel do jogador adversário saltar da boca. O atleta se diz profissional, pula de galho em galho, não cumpre regras ou contratos, dança conforme a música, faz negociatas na calada da noite, sai de fininho e depois vem com esse papo de respeito?
Independentemente do caso acima, não me surpreenderá, quando as regras obrigarem a acabar tudo em empate, pois se até dibre (tá, eu sei que é drible, eles é que não sabem) bonito é humilhação, vencer será vetado para não causar extermínio de times inteiros.
Tem sido mais saudável futebol no vídeo game, você escala quem quer, você já sabe incorporar o técnico – aliás você é um técnico nato - pode driblar bonito, dar xapéu e xalêra (eu sei que é com CH, eles é que não sabem), ninguém morre na arquibancada, e o mais importante, os jogadores ainda obedecem, e sem hipocrisia, comemoram o golaço!
QUAL ERA O SENTIDO DE MARCAR GOL?
Fazer gol, ganhar a partida e ser feliz, estavam entre os principais objetivos do futebol. Mas todo mundo sabe que o futebol não é mais o ingênuo e simples joguinho de bola; hoje, em primeiro lugar está a grana, a segunda intenção é o dinheiro, em terceiro vem a bufunfa - como diria Didi Mocó Sonrisal Colesterol. O resto fica por conta do acaso, se acontecer um gol, ótimo; senão, ótimo também, pois o que interessa já está garantido.
Tenho notado que algumas regras e proibições estão mudando o sentido do futebol, e portanto, da vida do torcedor fanático que, não pode mais ir ao estádio, não pode levar bandeira, não pode mais provocar a torcida adversária. Que sentido tem torcer, se não for pra avacalhar o adversário?
O neanderthal vive o final de semana inteiro esperando a segunda-feira para fazer aquela piadinha com o colega de trabalho, mas com a atual falta de aceitação da derrota por parte do adversário, o neanderthal acaba reprimindo sentimentos para não levar uma voadora no pescoço logo pela manhã.
O jogador também está a cada dia mais cercado de coisas sem sentido: 1) Atitudes ilegais toleradas: pode ser “gato”, pode faltar no treino à vontade, pode burlar imposto de renda, pode quebrar a perna do adversário; 2) Atitudes legais intoleradas: não pode fazer drible bonito, não pode comemorar gol assim ou assado, etc.
Existem diversas formas de comemorar os gols; raras vezes, criativas e geralmente de profundo mau gosto e apelativas. Há as religiosas, as provocativas e pasmem, as não-comemorações.
Outro dia, foi a polêmica comemoração em que o jogador mostrou o dedo médio, vulgo “pai-de-todos”, para a torcida adversária e foi punido. É um contrassenso, xingar pode e gesticular não pode. Vai me dizer que isso também consta nas regras do futebol?
Aquelas de caráter religioso, em que o jogador aponta o dedo pro céu, ou mostra a camisa de baixo com frases religiosas, numa pretensão sem limites: ainda que Deus esteja em todos os lugares, custo a crer que ele esteja prestando atenção num jogador fazendo gols, mesmo sendo aquele anjinho barroco do ex-pingulim imaculado, querendo roubar a cena, chamando Deus a todo momento. Ele não vê que existem coisas mais importantes que seus gols, diria Deus, ocupado com criancinhas famintas querendo vestir qualquer camisa, até mesmo aquelas que os jogadores de hoje, insistem em não vestir de jeito algum.
Também está na moda fingir segurar uma metralhadora, ou revólver e sair “atirando”. Muito, muito educativa essa maneira de celebrar um gol. Onde estaria escondido o espírito esportivo da brincadeira? Cadê a punição para quem estimula violência? Isso é “menos pior” que mostrar o pai-de-todos?
Nana nenê, chupar o dedão, andar de quatro, dançar funk, axé, pagode ou vanerão, ainda que sejam comemorações bregas, deveriam fazer parte do espetáculo, desde que não ultrapassassem um tempo determinado e o bom senso – duro é encontrar bom senso, e bom gosto então, esquece.
Apontem as vantagens e o sentido de fazer um gol e disfarçar, fingir que está triste para não ofender o adversário. É patético, o jogador faz questão de não comemorar quando marca um gol naquele time do qual acabou de rasgar ou encerrar o contrato. Pratica o “não-comemorar”, como se fosse um ato de heróico, querendo comover o mundo com a sua “consideração” ao time anterior. É lindo! Em seguida, o mesmo respeitoso jogador, dá uma cotovelada, daquelas que fazem a ponte móvel do jogador adversário saltar da boca. O atleta se diz profissional, pula de galho em galho, não cumpre regras ou contratos, dança conforme a música, faz negociatas na calada da noite, sai de fininho e depois vem com esse papo de respeito?
Independentemente do caso acima, não me surpreenderá, quando as regras obrigarem a acabar tudo em empate, pois se até dibre (tá, eu sei que é drible, eles é que não sabem) bonito é humilhação, vencer será vetado para não causar extermínio de times inteiros.
Tem sido mais saudável futebol no vídeo game, você escala quem quer, você já sabe incorporar o técnico – aliás você é um técnico nato - pode driblar bonito, dar xapéu e xalêra (eu sei que é com CH, eles é que não sabem), ninguém morre na arquibancada, e o mais importante, os jogadores ainda obedecem, e sem hipocrisia, comemoram o golaço!